Ariadne L.
Disclaimers
Copyright: Nenhum em relação a utilização de personagens. Essa é uma estória Uber, portanto as personagens são minhas guardando apenas algumas características básicas das personagens de um certo show de tv.
Plágio: Esta Fanfic é uma cópia desavergonhada de uma estória que li a muito tempo publicada pela Abril Cultural em sua série Sabrina chama “A Ilha dos Desejos” (Beware the Beast) de Anne Mather, publicada pela primeira vez em 1976. A situação em bloco é a mesma, bem como várias cenas da referida estória, mas como não poderia deixar de ser a situação principal foi completamente modificada e rearranjada já que esta Fanfic trata da relação entre duas mulheres e não entre um homem e uma mulher.
Sexo: Se os deuses permitirem, muito.
Hurt/Comfort: Muito, reprimido, algum manifestado.
Violência: Nenhuma.
© 2000 Ariadne L.
Comentários construtivos devem ser enviados para ariadne_l@hotmail.com
Letícia acordou no meio da noite assustada sem saber exatamente porque, até que se dando conta de sua nudez, o ambiente novo e sua estranha posição numa cama desconhecida ela lembrou do ocorrido. Um misto de vergonha e desamparo a invadiu e ela sentiu uma enorme vontade de chorar. Com os olhos ainda meio embaçados pelo sono, ela tentou encontrar as roupas que teria vestido antes se... “Oh, céus!” ela pensou – “Essa foi muito perto. Mas por que será que ela desistiu? Eu não falei nada, eu não gritei, eu apenas me senti muito mal e comecei a chorar... Eu não acredito que apenas minhas lágrimas a fizeram parar. E eu não a teria impedido, querendo ou não, eu não a teria impedido. Ela é mais forte do que eu. Eu estou na casa dela, no território dela, ela pode facilmente me dominar de uma forma ou de outra. Eu apenas aceitei com grande tristeza o meu destino. Eu realmente só não posso evitar a tristeza e a vaga impressão de que minha vida poderia ser melhor se todas essas coisas não estivessem acontecendo.”
A moça ficou um bom tempo acordada, apenas pensando e olhando a escura paisagem através da grande janela. Sem ter muita noção da hora, ainda confusa pela mudança de cenário ela apenas observou por um longo tempo o rebater das ondas.
Enquanto isso na saleta ao lado uma Alexia completamente perplexa encarava o vazio. A sobriedade e a compreensão do que fizera e do que pretendera fazer a estavam deixando completamente sem chão. Ela nunca pensara ser capaz de sequer pensar em possuir alguém contra a vontade. Ela nunca fizera isso! “E por que diabos a visão do corpo nu de uma mocinha a iria deixar nesse nível de excitação a ponto de perder completamente o controle? Será que seus sentimentos por Letícia eram tão confusos a esse ponto?” Ela não fazia a menor idéia de como iria encarar a moça pela manhã e não tinha muita certeza que a outra iria querer falar com ela depois disso. A lembrança do gosto salgado em sua boca e dos olhos repletos de lágrimas – aqueles olhos tão verdes, tão cheios de vida – a estava deixando mais triste ainda. Ela precisava fazer alguma coisa! Ela criara essa situação e agora a levara a um ponto crítico. Será que ela devia desistir de tudo? Deixar que Letícia fosse embora e esquecer toda essa coisa? Mas de que forma ela poderia abrir mão do que se tornara o único objetivo em sua vida?
Sem saber como reagir Alexia fez a única coisa que sabia para escapar dessas sensações as quais ela não sabia exatamente como nomear: no meio da madrugada, ela chamou o piloto de seu helicóptero e informou que ela iria para o continente.
O piloto acostumado com os chamados em horas insólitas, apenas informou o tempo que precisaria e foi se preparar.
Algum tempo depois o ruidoso barulho do helicóptero encheu o silêncio da pacata paisagem acordando quase todos os seus habitantes.
Letícia que havia conseguido cochilar, acordou mais uma vez assustada e acompanhou enquanto o ruído desaparecia ao longe.
Bem mais tarde naquela manhã, Letícia acordou com uma batida na porta. Era Sophia, a governanta que ela havia sido apresentada no dia anterior. Esta lhe informou que Alexia havia sido chamada ao continente para resolver algum assunto, o que ela ouviu com certo alívio já que não fazia a menor idéia de como iria encarar a mulher.
Sophia a levou para conhecer o resto da casa e Letícia ficou realmente impressionada com tudo o que viu, principalmente com a biblioteca.
Sem muita idéia do que iria acontecer depois, a moça procurou preencher seu tempo da forma que podia. Arrumou e rearrumou suas coisas e tentou se concentrar naquilo que poderia aproveitar de sua estada na Grécia. Usando o computador da biblioteca, tentou entrar em contato com o pessoal da Universidade de Atenas.
Sophia a informou que Alexia havia deixado ordem para que qualquer coisa que Letícia precisasse para arranjar sua saleta fosse providenciada, e Letícia fez isso. E fez montanhas de coisas para passar o tempo e não pensar. Mas há um limite para o que uma pessoa pode fazer numa situação dessas. E por mais que sua fértil imaginação a estivesse ajudando a passar o tempo, ela já estava ficando sem idéias. Ela criara uma rotina. Ela acordava, tomava seu café da manhã, dava uma volta pelas redondezas da casa – ela ainda não se aventurara muito longe e estava completamente sem graça de pedir para qualquer um dos empregados que a acompanhasse –, passava um bom tempo na biblioteca lendo e verificando tudo o que havia lá, depois do almoço ela se retirava para seu quarto com algum livro, que ela lia na cama até adormecer só acordando quase na hora de jantar. Estava realmente muito maçante.
Foram cinco dias nessa rotina que já a estava deixando um tanto entediada. A paisagem era deslumbrante, o clima agradável, a casa possuía vários tipos de entretenimento disponíveis, vídeos, livros, jogos. Mas ela já estava cansada. E seus pensamentos também não estavam ajudando.
Logo depois do ocorrido, a sensação mais forte era uma vergonha intensa, agora ela já não sabia mais o que estava sentindo. Raiva? Angústia? Tédio? E onde diabos estava Alexia?
No sexto dia, quase na hora do almoço, Letícia estava no quarto deitada tentando ler um livro boboca enquanto lutava contra seus pensamentos quando o barulho anunciou a chegada do helicóptero. Ela continuou onde estava, mas por algum motivo ela começou a se sentir um tanto ansiosa. Alguns minutos depois a porta do quarto se abriu devagar e Alexia entrou.
A primeira coisa que Letícia notou foi a aparência da outra. Alexia era sem sombra de dúvidas uma mulher extremamente bonita. Seus olhos azuis em contraste com a pele morena criavam um conjunto que chamava atenção, e suas feições só vinham contribuir positivamente para uma aparência incomum de beleza. Mas o que Letícia estava vendo era uma mulher com claras marcas de cansaço. As olheiras, a palidez, até o porte da outra parecia comprometido.
Alexia parecia completamente sem graça quando falou pela primeira vez:
– Oi, é... Sophia te disse que eu prec... tive que... bem... eu tinha uns assuntos para resolver...
– Ela me disse. Está tudo bem com você?
Sem conseguir olhar Letícia nos olhos, Alexia apenas sentiu que a pergunta advinha de um interesse real, e o reconhecimento disso a deixou ainda mais confusa.
– Agora está tudo bem... mas eram alguns problemas sérios.
– Eu não perguntei sobre os problemas de negócios Alexia, eu perguntei que você está bem.
Alexia ficou ainda mais embaraçada. Ela a primeira vez que Letícia a chamava pelo seu nome, e o som de seu nome nos lábios da moça a deixou inebriada, emudecida.
– Alexia?!
– Hã?
– Você está se sentindo bem?
– Eu estou bem, eu acho... Eu preciso falar com você.
– Pode falar, eu estou ouvindo.
– Humm, eu queria... humm... eu queria me desculpar... por aquela noite. Eu realmente não tinha nenhuma intenção de te forçar a nada... eu... não sei... eu realmente não sei o que deu em mim...
– Eu achei que você não tivesse feito exatamente de propósito – Letícia estava achando aquilo por alguma razão divertido. Ela nunca tinha visto alguém tão claramente embaraçado em toda sua vida, e Alexia estava realmente sem saber onde botar as mãos e mais parecia uma menina muito crescida do que uma mulher adulta.
– Então você me desculpa?
– Eu não sei porque você está se desculpando. Você não me trouxe aqui exatamente para isso?
– Eu... é... bem... mais ou menos... é, quer dizer... sim...
– Então porque você está se desculpando?
– Eu não tinha a intenção de te forçar...
– Ah! E qual é sua intenção? Me seduzir?
– Não!... quer dizer... mais ou menos, isto é algo no gênero...
– Eu não estou te entendendo muito bem. Você deixou muito claro para mim desde nosso primeiro encontro, de uma forma muito clara quais eram suas intenções. Porque agora isso? Você voltou atrás?
– Não.
– Então porque você está se desculpando por tentar fazer o que você disse que iria fazer? Ou você está se desculpando por não ter ido até o fim?
– Eu estou me desculpando por ter assustado você.
– Ah! Entendi... você não está se desculpando por não ter feito ou por ter me agarrado... você está se desculpando por ter me assustado.
– Esquece!
– Esquecer o que?
– Nada.
Alexia fez menção de se retirar, mas Letícia levantou e segurou seu braço.
– Espera!
Alexia sentiu um calor intenso no local onde a mão da moça tocava sua pele e ficou olhando para a mão da moça.
– Eu, por incrível que pareça, entendi o que aconteceu – Letícia falou – e eu acho que se você não quiser que isso aconteça outra vez... você deve evitar beber tanto. Eu senti o cheiro, eu senti o gosto...
A mulher mais velha apenas concordou com a cabeça e se retirou para sua saleta, sentindo um calor enorme em suas faces.
Letícia, meio perplexa, tentava entender o que era aquilo. Ela parecia estar vendo Alexia pela primeira vez. Onde estava toda aquela segurança? Onde estava aquela frieza e firmeza que a assustaram tanto desde o primeiro momento? Ela tinha certeza que Alexia corara antes de sair. Parecia que ela estava vendo uma pessoa completamente desconhecida. E talvez fosse melhor abrir um pouco a guarda e tentar conhecer essa pessoa. Afinal para uma luta poder ser travada é necessário conhecer seu “inimigo”.
Com esse pensamento se desenvolvendo em sua cabeça, a moça se preparou para o almoço.
Diferentemente dos dias anteriores, Alexia já estava na sala de jantar. O que não deixou admirada já que ela ouvira quando a outra abrira porta externa da saleta.
As duas almoçaram em silêncio, até que Alexia falou.
– Eu não sei se você teve oportunidade para dar uma volta pela ilha... mas se você quiser, nós podemos fazer isso depois do almoço.
– Está bem.
continua no Capítulo II parte 5 qcua09
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2000 - Ariadne L.