Disclaimers

Copyright: O direito autoral desta estória pertence a ©1999 T. Novan. Não use nenhuma parte sem minha autorização por escrito. Eu posso ser contactada através do e-mail TNOVAN@aol.com.

Sexo: Esta estória contém cenas de duas mulheres se relacionando sexualmente. <sorriso> Se isto é uma ofensa, por favor não leia minha estória. Existem várias outras maravilhosas por aí.

Violência: Há discussões sobre guerra nesta parte. Se isso é uma ofensa passe adiante.

Linguagem: Passada durante a Guerra Civil Americana existe linguagem inapropriada e observações politicamente incorretas referentes a raça.

 

Conforto Sulista

por T. Novan
TNOVAN@aol.com

 

Eu ouvi um estrondo. Poderia ser um trovão? Olhei para fora da janela da cozinha, o céu estava claro e o sol brilhando. Não, aquilo não era um trovão. Fui para frente da casa secando minhas mãos no vestido. Assim que eu abri a pesada porta de carvalho da minha casa, vi imediatamente o que estava causando o barulho. Respirei profundamente dando uma rápida olhada para o rifle que descansava ao alcance de minha mão e olhei novamente para as tropas do norte cavalgando através da minha propriedade. Poderia ser um ato de suicídio tentar caminhar para a varanda com uma arma em minhas mãos. Com o inferno passando pela varanda poderia ser suicídio, mas eu já havia sofrido o suficiente nas mãos dos soldados do norte e decidi que não iria suportar mais.

Eu fechei a porta atrás de mim, caminhei para a luz do sol e esperei. Um Capitão da União veio em minha direção. Ele me olhou de cima de seu cavalo, e falou. “Eu sou o Capitão Montgomery e nossas tropas ficarão nas suas terras por alguns dias para descansar e reagrupar.

“Só isso?” Perguntei protegendo meus olhos do sol do meio dia.

“Só isso.”Se a senhora cooperar nós deixaremos sua propriedade inteira. Se não, é difícil dizer o que poderá acontecer.”

Eu ouvi uma voz forte e profunda se erguer por trás dele. “Capitão!”

O homem girou na sela voltando sua atenção ao outro, em um uniforme sujo porém bem composto, que cavalgou em sua direção. “Coronel!” O capitão o saudou recebendo de volta a continência do homem de cabelos escuros. “Senhor, eu não o esperava senão dentro de três dias”.

“Aparentemente não me esperava....” O Coronel respondeu a saudação e desmontou de seu cavalo. “Eu o ouvi ameaçar esta senhora?”. O Coronel voltou-se para mim e sorriu.

Eu não pude evitar que um pequeno sorriso cruzasse minha face enquanto observava o seu sorriso maravilhoso e aqueles olhos azuis e brilhantes.

 “Umm..bem...Senhor, eu estava apenas tentando...” O Capitão gaguejou.

O Coronel soltou as rédeas do seu cavalo e deu dois passos largos em minha direção. “Madame, o Capitão a ameaçou?”

“Não mais do que qualquer oficial do norte no passado Coronel”

“Bem, por hora Madame, peço desculpas por eles e eu asseguro que isto não voltará a acontecer enquanto eu estiver aqui.” Ele deu outro passo em minha direção, retirando seu chapéu e luvas. “Eu gostaria que a senhora permitisse que minhas tropas descansassem em sua propriedade Madame, apenas por uns dias. Eles precisam de água fresca e banho. Nós temos nosso próprio suprimento e não levaremos nada do que a senhora possa ter aqui.”

“Eu não tenho muito Coronel, as forças da União já cuidaram disso.”

Eu gostaria de ser dura e desagradável com esse homem, mas por alguma razão, eu simplesmente não estava conseguindo. Talvez pelo fato dele estar sendo civilizado e não estar me tratando como um lixo do sul. Talvez por sua aparência extremamente boa. Oh, mas o que eu estou pensando? Como poderia uma mulher do sul achar um oficial do norte atraente?

“Madame, se a senhora disser para eu levar meus homens daqui eu o farei. Nenhum dano será causado à senhora ou à sua propriedade. Eu prometo.”

“Está bem Coronel, vocês podem ficar. Enquanto vocês estiverem nas minhas terras não precisarei me preocupar com coisas piores que poderiam acontecer. Ao menos, não por enquanto.” Eu virei as costas me voltando para a casa e deixando o Coronel ianque parado em pé, segurando seu quepe entre as mãos e batendo com as suas luvas na perna.

Eu não podia fazer mais nada além de olhar da janela da cozinha enquanto aqueles homens tomavam a maior parte das minhas terras de cultivo e começavam a armar acampamento. Este era um dos maiores grupos que eu já tinha visto marchando por esta região. Isto me trouxe um mal pressentimento e eu senti como um nó na boca do estômago. Eu olhei o Coronel se movendo entre seus homens arranjando o acampamento ao seu gosto. Eu percebi que sua tenda de comando foi armada bem perto da casa. Eu não sabia se isto me deixava tranqüila ou nervosa.

Eu também não pude deixar de perceber o quanto ele era bonito. Ele era na verdade o homem mais belo que eu já tinha visto. Bem acima de 1,80 de altura. Seus cabelos escuros eram limpos e cortados com capricho. Sua pele era bronzeada e aqueles olhos. Oh, aqueles olhos. Ele tinha certamente os olhos azuis mais enigmáticos que eu já vira. Ele se movia com uma graça e charme que jamais observei em um homem. Pelo menos não nos nossos mais refinados cavalheiros do sul. Talvez eu tenha simplesmente ficado sem a companhia de um cavalheiro por muito tempo. Todos os homens se foram, naturalmente. Todos os homem, com idades entre dezesseis a sessenta foram chamados à luta. Os presidentes Davis e Lincoln certamente fizeram um estrago.

Ele parecia tratar bem seus homens. Uma diferença notável se comparado com os outros oficiais que estiveram por aqui recentemente. Ele parecia se importar genuinamente com seus soldados. Eu o vi parar na enfermaria para visitar os feridos, parando para conversar com cada um deles, então ele falou com o médico. Eu agora sei que ele é um homem importante no Exército da União. Ele tem um médico de verdade em suas fileiras. Muitos não têm e por isso existe uma taxa de mortalidade muito alta entre os homens.

Eu o vi assentir com a cabeça e olhar diretamente para a casa. Ele ergueu sua mão num gesto de concordância em direção ao médico e então ele se dirigiu calmamente para minha residência. Eu continuei a tentar limpar o que ainda restava em minha casa e alguns instantes mais tarde ouvi uma pancada na porta de trás. Respirei fundo e me dirigi à porta. O Coronel sorriu para mim através da tela.

“Sim Coronel?”

“Madame,” ele deu um pequeno sorriso para mim “Eu tenho um homem ferido que realmente necessita ser retirado do calor. A senhora teria algum cômodo em sua casa para abrigar um homem ferido?”

Eu quis rir em sua face, mas não pude. “Coronel, eu sou uma mulher só tentando sobreviver. Eu seria louca se dissesse não a você. Você simplesmente tomaria de qualquer maneira tudo que quisesse.”

“Não Madame. Eu não faria isso. Se a senhora disser não...” Sua cabeça baixou um pouco quando ele voltou-se para o médico dando um leve aceno com a cabeça.”

“O porão serviria ?”

“Madame?”

“Você é surdo Coronel? Eu perguntei se o porão serviria para o seu homem.”

“Sim, Madame, seria perfeito”

“Bem, o porão está vazio. Você pode usá-lo. A porta é ao lado da casa.”

“Obrigado Madame”

“Coronel?”

“Sim Madame.”

“Vocês teriam algum pão que pudessem repartir? Eu estou sem pão desde...”

“Naturalmente. Eu trarei pessoalmente após acomodar o ferido. Está bem assim?”

“Sim Coronel, obrigada.”

“Eu olhei enquanto ele retornava ao médico e dava-lhe suas ordens. Logo pude ouvir o médico e uns poucos homens arranjando um lugar para o ferido no porão. Se qualquer um dos meus vizinhos viesse a descobrir, eu poderia ser enforcada por dar abrigo e conforto para o inimigo. E eu quase fiquei feliz por ser a única que ainda permanecia por aqui.

Eu conferi a despensa para ver exatamente o que eu ainda tinha. Não havia muito. Eu espero que o Coronel seja um homem de palavra e seus homens me deixem com o pouco que tenho quando se forem. Algum tempo depois, ouvi outra pancada na minha porta. Eu retornei e encontrei o Coronel com um embrulho em seus braços. Ele sorriu para mim através da tela da porta.

“O pão que a senhora pediu Madame.”

Eu destranquei a porta e a abri. Ele hesitou, então deu um passo para dentro colocando o embrulho em uma pequena mesa um pouco adiante da porta.

“Obrigada, Senhor.”

“De nada Madame. É o mínimo que eu poderia fazer. Há um pouco de fruta e queijo também.”

Eu percebi quando ele se virou para sair uma pequena nódoa vermelha nas costas da sua túnica. “Coronel?”

“Madame?”

“Você está ferido?”

“Madame?”

“Você é surdo, não é? Eu perguntei uma coisa bem simples. Você está ferido?”

Ele virou-se para trás tentando ver sobre os próprios ombros. “Não é nada, Madame.”

“Coronel, se não fosse nada você não estaria sangrando através do próprio casaco. Você deveria deixar o seu médico dar uma olhada.”

“Meu médico tem homens lá fora com ferimentos realmente graves, e ele já está sobrecarregado.”

“Então venha aqui e deixe-me ver isso.”

“Madame?”

“Eu posso jurar que o senhor andou enchendo seus ouvidos com o bom algodão do sul, “Eu o segurei pelo braço e o puxei para dentro, ele arrastou um pouco o pé, entrando como uma cabra amarrada. “Coronel, eu não mordo. Entre e sente-se.”

Eu finalmente consegui fazê-lo se sentar. Quando eu me virei para trazer uma jarra e uma bacia, tive que rir. Ele agia como se nunca tivesse estado sozinho com uma mulher em um cômodo antes. Era realmente um tanto encantador o jeito como ele estava agindo. Havia muito tempo que eu não tinha companhia por aqui.

“Tire sua jaqueta.”

“Madame, eu estou bem, de verdade.” Eu vi quando ele se levantou.

“Coronel, você sabe tão bem quanto eu que homens têm morrido por causa de pequenos ferimentos. Agora, você gostaria de deixar seus homens nas mãos de um Capitão como aquele seu, se alguma coisa lhe acontecesse ?

“Un...eu...bem...”

“Tire sua jaqueta.”

Ele me encarou com dificuldade enquanto começava a desabotoar sua roupa. Depois que ele se libertou de sua túnica, ele a segurou na sua frente, em seus braços. Ele parecia extremamente desconfortável sentado a mesa com sua jaqueta. Ele finalmente baixou sua cabeça enquanto eu caminhava ao seu redor.

Eu ofeguei um pouco quando vi o ferimento nas suas costas. Era antigo e estava infectado. Estava em um local que ele não poderia alcançar facilmente. Sua camisa estava esfarrapada e ensangüentada.

“Como?” Perguntei enquanto tentava gentilmente retirar o material da ferida. Eu senti ele se encolher um pouco enquanto o material começava a desprender-se, levando um pouco de pele infectada com ele. “Sinto muito.”

“Está tudo bem.”

“Como?”

 “Isto é a guerra Madame a senhora não vai querer saber.”

“Coronel, se eu não quisesse saber eu não teria perguntado.”

Ele suspirou enquanto eu comecei a limpar o ferimento. “Na última semana, encontramos um pequeno bando de soldados renegados. Eu levei um golpe de baioneta no ombro.”

“Um soldado sulista fez isto a você ?”

“Não Madame, os renegados eram soldados do norte.”

Ele permanecia em silêncio enquanto eu limpava e tratava o machucado. O único sinal de desconforto era o movimento de abrir e cerrar o maxilar. Eu costurei a ferida o melhor que pude, colocando pó anti-séptico na bandagem antes de aplicá-la.

“Pronto. Não foi tão ruim assim, foi?”

Ele apenas chacoalhou a cabeça enquanto punha-se em pé. “Obrigado Madame, já me sinto melhor.”

“Tire sua camisa e eu a lavarei e remendarei para você.”

“Madame?”

Eu apenas sacudi a cabeça e me aproximei dele. O homem definitivamente tinha um problema de audição. Enquanto eu me movia para frente para alcançar os botões da sua camisa ele recuava.

“Unhhh Madame eu apreciei a ajuda com o meu ombro, mas...”

“Cale-se Coronel. Você precisa da proteção da camisa para a bandagem não se perder. Além disso, está tão quente hoje que você deve estar desconfortável com essa túnica. Eu apenas tirarei...”

“De verdade Madame, a senhora já fez mais do que o suficiente.” Ele continuou a se afastar de mim. Desafortunadamente, ele não estava prestando atenção e se dirigiu para um canto. Quando ele percebeu onde estava, o pânico podia ser visto em seus olhos e o suor começava a brotar da sua testa. “ Madame, eu estou realmente bem.”

Eu vi quando ele tentou fugir de mim. Respirei fundo enquanto ele abria caminho para a porta. “Eu sei. Você não precisa ter medo.”

Ele parou sem reação e voltou sua face para mim. Ele ergueu levemente a cabeça. Ou, seria melhor dizer ela ergueu levemente a cabeça. Eu acenei e a guiei novamente para dentro de casa. “Feche a porta e tire sua camisa, para que eu possa lavar e remendar.”

Lentamente ela fechou a porta. Virou-se para mim, “Como você soube?”

“Eu vi as bandagens sob a sua camisa.”

Sua cabeça baixou um pouco “Eles me enforcarão ou me jogarão na prisão se você me entregar...”

Eu não vou entregar você. Vou apenas lavar e remendar sua camisa.”

“Por quê?”

“Porque ela está suja e esfarrapada.”

“Por quê você não vai me entregar?”

“Eu tenho feito o que é necessário para sobreviver nesta guerra Coronel, e acredito que você está fazendo o mesmo. Você é ao menos um Coronel de verdade não é?”

Ela riu um pouco concordando. “Sim Madame. Eu sou o Coronel Charlie Redmond.”

“Charlie é abreviatura de Charlotte, estou certa?”

Ela concordou novamente. “Mas meus papéis de alistamento não dizem isto.”

“Eu estava apostando que não.” Gesticulei para ela. “Tire esta camisa. Você tem o tamanho aproximado do meu irmão, eu lhe darei uma das suas.”

Eu subi as escadas até o antigo quarto do meu irmão para buscar uma camisa. Não admirava que a Coronel estava sendo tão agradável comigo. Eu retirei a camisa do closet e peguei um par de calças também. Assim poderia lavar todo o uniforme. Eu poderia apostar que ela não tomava banho há dias, senão há semanas. Dei um suspiro enquanto me dirigia escada abaixo para o banheiro.

“Coronel, você poderia vir aqui por favor?” Eu chamei-a do banheiro. “Depois do salão, última porta à direita.”

Eu ouvi os passos pesados caindo sobre o piso amadeirado da casa. Ela certamente andava como um homem, pisando através da casa com suas botas pesadas.

Eu entrei puxando duas grandes toalhas de um armário com o meu cesto de costura. Eu me voltei e encontrei-a na entrada da porta. “Eu pensei que você poderia gostar de um banho.”

Ela olhou abaixo para a água aquecida e literalmente lambeu os lábios quando seus olhos cravaram-se em mim novamente. “Eu não sei...quero dizer...”

“Coronel Redmond, eu perdi um tempão para carregar a água e aquecê-la. O mínimo que você poderia fazer é mostrar uma simples cortesia usando-a”

Eu olhei enquanto ela caminhava para dentro do banheiro. Um enorme sorriso brotou de sua face. “Sim Madame, isto é o mínimo que eu poderia fazer.”

“E pare de me chamar de Madame. Eu tenho um nome. É Rebecca.”

“Rebecca. Eu gosto.”

“Bem, isto é bom porque eu não pretendo trocá-lo tão cedo Coronel Redmond. Agora tire estas roupas sujas e aproveite a água enquanto está quente.”

Ela concordou com a cabeça e entrou no quarto de banho. Eu escureci o ambiente para dar a ela toda a privacidade que necessitava, acendendo uma lamparina para clarear um pouco. Ela sentou-se na cadeira próxima à banheira e deu um puxão nas botas unicamente para gemer enquanto tentava tirá-las. Eu me aproximei e ajoelhei na sua frente. “Você romperá os pontos, me deixe...”

“Obrigada.”

Eu puxei suas botas e as meias esfarrapadas mal cobriam seus pés. Eu percebi várias bolhas em seus pés e tornozelos. “Após o seu banho eu cuidarei deles também. Agora aprecie a água..eu voltarei em alguns minutos.”

Quando eu voltei ao banheiro, ela já estava ajeitada na banheira. Ela estava tão acomodada que havia caído no sono. Eu não estive fora por mais de um quarto de hora. Ela parecia abatida e cansada, do modo como estava reclinada na banheira. Eu ajoelhei e molhei um pano, ensaboando-o primeiro. “Coronel Redmond.” Sussurrei enquanto continuava a ensaboar o trapo.

“Hmm?”

“Acorde Coronel.”

Seus olhos abriram-se lentamente. Quando ela olhou para mim, pude ver muitos anos de tristeza neles. “Sinto muito Rebecca. A água está tão boa.”

Tenho certeza que está. Afaste-se e deixe-me lavar suas costas. Você precisa manter esse ferimento limpo.”

Ela inclinou-se para frente, envolvendo os joelhos com os braços. Eu me movi para suas costas e fiquei chocada ao encontrá-la entrecortada com o que reconheci imediatamente como marcas de chicote. Elas eram antigas e já tinham sarado há muito tempo atrás. “O que houve ?” Eu não pude resistir em correr minha mão sobre elas.

“Eu levei uma surra no lugar de um jovem garoto negro há cerca de dois anos.”

“Por quê?”

“Ele ia ser chicoteado por algo que não fez. Eles o acusaram de roubar comida.”

“E você diz que ele não fez isso?”

“Não”

“E por que você diz que ele não fez isso?”

“Porque eu dei a ele. Sua família estava faminta e ele apenas queria um pouco de comida para eles. Ele não era um ladrão muito bom. Eu dei-lhe a comida e tentei tirá-lo do acampamento, mas eles o pegaram.”

“Então você levou a surra?”

“Ele era um garoto de dez anos tentando alimentar sua família.” Ela colocou a cabeça entre os joelhos enquanto eu cuidadosamente esfregava suas costas lutando contra as lágrimas que atormentavam meus olhos. Havia tanta nobreza nesta pessoa. À medida em que eu a observava eu podia ver o terrível preço que toda essa nobreza estava impondo a seu corpo e a sua alma.

Eu enxagüei suas costas e gentilmente a puxei para trás de modo que seu pescoço descansasse em minhas mãos. “Eu vou lavar seus cabelos.”

“Eu posso fazer isso.”

“Deixe que eu faça.” Eu abaixei minha voz enquanto me aproximava da borda da banheira. “Deixe eu cuidar de você Coronel. Você precisa e certamente merece.”

“Eu não mereço nada Rebecca. Eu sou apenas um soldado cumprindo meu dever.”

“Você pode dizer o que quiser e acreditar no que quiser. Eu acreditarei naquilo que eu quero. E eu acredito que você merece.”

“Obrigada.”

“De nada.”

Eu derramei a água sobre sua cabeça e comecei a ensaboar seus cabelos dando uma boa limpeza. Eu fiquei um pouco chocada quando um profundo gemido escapou de seus lábios. Eu a senti relaxar e enquanto segurava seu pescoço e enxaguava seus cabelos, ela voltou a adormecer. Eu massageei sua cabeça permitindo que ela cochilasse enquanto eu deslizava meus dedos por entre seus cabelos curtos. Depois de retirar todo o sabão de sua cabeça, eu a soltei suavemente permitindo que ela a apoiasse na borda da banheira.

Levei suas roupas para dar uma boa lavada também. Quando eu retornei, ela estava acordada terminando seu banho. Ela me ofereceu um sorriso particularmente tímido quando me viu. “Eu realmente sinto muito. Deixe-me acabar aqui que eu não irei mais te incomodar.”

“Você não está me incomodando Coronel.”

“Você é muito gentil. Por favor me chame Charlie.”

Eu deixei escapar uma risadinha. Ela se virou para mim fazendo um leve movimento com a sobrancelha. “Combina com você.”

“É eu sei. Charlie, sempre combinou melhor comigo do que Charlotte.”

“Talvez seja porque você é tão grande.”

Ela riu para mim. “Pode ser.”

Eu me sentei perto da banheira mergulhando minha mão na água. “Está esfriando.”

“Está ótimo. Você sabe a quanto tempo eu não tomo um banho numa banheira? Na maior parte das vezes, eu lavo o que posso, quando posso em riachos e rios de água fria. Eu acho que tem quase um ano que eu tomei um banho de verdade.”

“Quando foi a última vez que você teve uma folga?”

“Há dois anos atrás.”

“Dois anos? E sua família? Sua casa?”

“Nenhuma família e o exército é minha casa.”

“Oh Charlie eu lamento tanto.”

Ela deu de ombros. “Eu acho que é muito tarde para lamentar. Eu fiz minhas escolhas e aprendi a conviver com elas.

“De onde você é?”

“New York.”

“Eu nunca saí da Virginia.”

“A Virgínia é um belo lugar.”

“Quando não estamos em guerra.”

Ela concordou com a cabeça a medida que se levantava. Enquanto eu estendia a toalha não pude deixar de notar quão perfeita era a combinação das características masculinas e femininas em seu corpo. Alta, larga e muscular como um homem. Vestida, era tão fácil acreditar que ela era realmente um homem. Despida no entanto, suas curvas contavam uma estória bem diferente. Durante o tempo em que eu a via se enxugar, ocorreu-me que eu estava encarando, e eu realmente deveria parar. Eu me levantei e ofereci uma muda de roupas enquanto ela saia da banheira.

“Seu uniforme está secando. Você pode usar essas aqui nesse meio tempo.”

“Muito obrigado. Humm Rebecca,” Ela ela inicia enquanto veste as roupas de baixo que eu arranjei. “Você percebe que meus homens provavelmente devem estar pensando que eu estive aqui... humm... bem...”

“Tentando alguma coisa comigo?”

Um leve rubor espalhou-se por sua face. “Sim.”

“Isso fará com que eles não tentem a mesma coisa?”

“É bastante provável que não.”

“Então deixe que eles pensem o que quiserem. Vá lá fora e conte a eles que você conseguiu, se quiser.”

“E por que eu faria isso? “Ela perguntou um tanto indignada enquanto vestia suas calças.

Eu não pude deixar de sorrir. “Algum de seus homens ousaria me tocar que você dissesse que está interessada em mim?”

Ela empertigou-se enquanto me olhava. “Provavelmente não.”

“Seria essa a razão.”

“Faz sentido.”

“Na realidade se isso irá mantê-los afastados de minha porta eu ficaria feliz se você dormisse aqui.”

Seus olhos se fecharam por um momento enquanto um suspiro suave escapava de seus lábios.

“Há quanto tempo você não dorme em uma cama de verdade Charlie?”

“Ainda fabricam camas de verdade?” Ela perguntou rindo.

“Eu não estou completamente segura se ainda fabricam-nas, mas eu tenho uma aqui se você quiser usar.”

“Não, obrigada Rebecca. Isso é realmente pedir demais.” Ela vestiu a camisa começando a abotoar os botões.

“Por que? Você vai ficar por aqui durante vários dias. Eu posso te oferecer conforto e você pode me oferecer proteção. Na verdade isso me parece um arranjo perfeito.”

Ela olhou para mim e suspirou. “Uma cama macia, hein?” Ela calçou as botas com um puxão enquanto considerava a possibilidade.

Eu sorri e ofereci a ela minha mão. “Venha ver. Então você poderá decidir.”

Eu a levei para o único quarto da casa que ainda possuía uma cama, a minha. De qualquer forma, pela proteção de tê-la dormindo aqui dentro eu não me importaria de passar algumas noites no sofá.

Conduzindo-a para dentro do quarto eu a guiei até a cama e a empurrei gentilmente. Ela caiu de costas na superfície macia como os pés ainda no chão. “Ahhh...” Qualquer outro comentário morreu em seus lábios e mantendo os olhos fechados ela afundou no macio colchão de penas.

“Bom, não é?”

“Muito bom.” Ela concordou ao mesmo tempo que sentava. “Você tem certeza?”

“Certeza absoluta. Fiquei o tempo que quiser. Eu vou adorar ter alguma companhia também.”

“Há quanto tempo você está sozinha aqui?”

“Por quase três anos. Meus pais morreram muito tempo antes da guerra. Isso deixou meu irmão, meu marido e eu para cuidar do lugar. Eles convocaram meu irmão primeiro depois meu marido.”

“Sinto muito. Você tem alguma notícia deles?”

Eu assenti devagar. “Ambos morreram.”

“Eu realmente sinto muito Rebecca. Toda essa guerra é tão sem sentido.”

“Espero que acabe logo.”

“Eu tenho a sensação que tudo estará acabado em breve.” Ela olhou para mim enquanto suas mãos alisavam a colcha. “Meus homens e eu estamos a caminho de um lugar chamado Appomattox. Eu tenho um mal pressentimento a esse propósito, mas acredito que tudo estará acabado em breve Rebecca.”

“O sul já perdeu essa guerra, não é?”

“Há muito tempo atrás. É apenas uma questão de tempo agora.”

Eu concordei com a cabeça pois eu sabia que aquilo era verdade. Eu já sabia disso, em meu coração, a muito tempo. “Eu vou provavelmente perder a casa e as terras quando a poeira assentar.”

“Por que?”

“Principalmente por causa das taxas, mas qual a chance que uma mulher viúva tem para opor-se a quem quiser...”Eu parei e sacudi a cabeça. “Eu acho que não devo me preocupar até que aconteça.”

Eu convidei Charlie para voltar e jantar comigo. Eu vou preparar um belo ensopado com a carne seca que está guardada na despensa. O pão e o queijo que ela trouxe, completarão a refeição e eu peguei a última garrafa de vinho que estava escondida num compartimento secreto na cozinha.

Quando ela retornou para o jantar, havia vestido outra vez as calças do uniforme, uma camisa branca e um colete. Seu disfarce é muito bom e olhando para ela face a face não dá realmente para dizer. Sua voz é grave o suficiente para que não haja nenhuma dúvida. É realmente impressionante.

Ela sorriu ao passar pela porta com as roupas que eu havia emprestado mais cedo, dobradas numa pilha limpa e arrumada que ela me entregou. “Eu as lavei.” Ela ofereceu arcando as sobrancelhas.

“Você as usou por umas duas horas?”

“Acho que umas três, mas eu precisei ajudar a montar o acampamento e elas ficaram um pouco sujas.”

Depois do jantar você vai tomar outro banho” Eu ri um pouco enquanto pegava as roupas. “Nesse meio tempo vá lavar suas mãos e seus braços pelo menos.”

“Sim senhora. Eu devo ir comer na varanda?” Ela sorriu para mim.

“Não, apenas não fique contra o vento. O que você andou fazendo Charlie? Organizando os estábulos?”

Ela riu enquanto lavava as mãos na bomba d'água da pia. “Não, apenas algumas barracas que precisavam ser montadas. Dá muito trabalho preparar um acampamento, mesmo que por poucos dias.”

“Aposto que sim. Você parece fazer isso muito bem.”

“Eu venho fazendo isso desde que eu tinha quinze anos. Eu tenho trinta e dois agora. Eu adquiri muita experiência .

Ela pegou o pano pendurado perto da pia para secar as mãos. “Você sabe todos os tipos de truques”

“Um-hum.”

“Então você está vivendo como um homem por dezessete anos?”

“Isso mesmo.”

“E você nunca foi descoberta?”

“Ainda não.” Ela suspirou audivelmente enquanto se dirigiu até a mesa e segurou a cadeira para eu me sentar. “Eu sou muito convincente.”

“É mesmo?” Eu sorri enquanto minha cadeira movia-se em direção à mesa. “Você quer dizer que você pode sentar aqui durante o jantar e me fazer acreditar que eu estou jantando com um cavalheiro?”

“Bem. Você é um pouco diferente porquê você já sabe, mas eu tenho confiança que eu posso fazer você acreditar.”

“Tente.”

“O que?”

“Tente, Charlie. Tente me fazer acreditar.”

“Rebecca, isso é bobagem.”

“Entre no jogo, Charlie.”

Eu a escutei respirar fundo. “Tudo bem, Rebecca, tudo bem.”

Quando ela se sentou a mesa à minha frente eu sorri. Eu não estou tão certa que ela conseguirá fazer isso e ela olhou para mim levantando uma sobrancelha em desafio.

O jantar foi uma experiência maravilhosa. Ao chegar ao fim, eu percebi que Charlie estava segurando minha mão, roçando levemente o dedo dele... ah... dela sobre ela. OK, ela é muito convincente, muito convincente.

“Você venceu.” Eu sorri ao beber meu vinho.

“Perdão?”

“Você venceu ao me convencer. Você venceu.”

Ela sorriu e acenou. “Anos de prática.”

Eu olhei para baixo e percebi que ela não havia soltado minha mão e eu não a havia movido.

Após o jantar eu preparei outro banho, desta vez eu dei um pijama e um robe que pertenciam ao meu irmão. Enquanto ela se banhava e relaxava eu arrumei a cama e peguei um cobertor e um travesseiro da cômoda. Eu estava prestes a colocar uma camisola sobre minha cabeça quando eu ouvi ela limpar a garganta atrás de mim. Eu deixei-a cair sobre minha cabeça e ombros, caindo ao chão em volta do meu corpo enquanto eu virava para vê-la.

“Pronta para uma cama macia?”

“Ahh... Você não tem idéia.”

Eu peguei o travesseiro e o cobertor andando em direção à porta. “Aproveite, Charlie. Você mereceu.”

“Rebecca, essa é sua cama?”

“Sim.”

“Oh, eu não vou te tirar da sua cama. Me dê isso. O sofá ainda é melhor que o catre do Exército.”

“Não, Charlie, tudo bem.”

“Não, não está bem. Seja razoável Rebecca...”

“Você não sabe muito sobre mulheres do sul, não é Charlie? Nós somos chamadas de muitas coisas. Razoável não é geralmente uma delas.”

Ela resmungou um pouco enquanto apertava o cinto do robe e passava a mão no seu cabelo. “Está bem. É uma cama grande. Nós podemos dividi-la.”

“Hmmm... Como é que eu sei que isso não é um truque da sua parte para me colocar em uma posição para que você possa se aproveitar de mim Coronel Redmond?” Eu provoquei enquanto olhava para ela.

Todo o sangue saiu do seu rosto enquanto ela deu um passo para trás. “Rebecca... Eu... Eu... Eu não... Eu...”

“Charlie eu estava brincando. Claro que podemos dividir a cama. Você está certa, é uma cama grande. Venha aqui e suba nela.”

“Talvez eu deva ficar no sofá.”

“Bobagem. Venha cá.” Eu puxei levemente seu braço e a puxei para dentro, fechando a porta atrás dela.

Eu a observei remover o robe e subir na cama. “Hmmmm... Você prefere o lado direito ou esquerdo?” Ela perguntou antes de se acomodar.

“Na verdade eu tenho dormido sozinha por tanto tempo que eu me acostumei a dormir no meio da cama, então você escolhe um lado e eu vou tentar ficar no meu.” Ela acenou enquanto ela se acomodava no lado direito da cama. Eu me juntei a ela pelo lado esquerdo e eu tive que rir. “Charlie, tudo bem, você não tem que dormir na beirada da cama.”

“Eu quero que você tenha bastante espaço, Rebecca.”

“E eu quero que você aproveite o sono em uma cama grande, e você não pode fazer isso na beiradinha, cuidando para não cair.” Eu a segurei pelo ombro e a coloquei de volta na cama.

Quando ela rolou sobre suas costas, nossos rostos estavam a centímetros de distância. Seus olhos eram a coisa mais maravilhosa que eu já tinha visto e aquela boca. Eu lentamente lambi meus lábios enquanto nos olhávamos. “Charlie,” Eu acho que eu soava tão ofegante como eu me sentia. “Eu...ahn.. eu..”

Ela levantou a cabeça e meus olhos se fecharam quando nossos lábios se encontraram. Oh, Deus. Suave. Maravilhoso. “Ohh...” Quando o gemido saiu de minha boca ela interrompeu o beijo e pulou da cama.

“Rebecca, me desculpe! Eu.. Eu... Eu vou pegar minhas coisas e ir para a minha barraca.”

“Não!” Eu disse enquanto me colocava de joelhos no centro da cama. “Por favor Charlie. Não vá.”

“Rebecca, você não entende. Um dos motivos que eu faço esse papel tão bem é porque... porque...” Ela deixou a cabeça cair e a levantou de novo. “Porque eu prefiro a companhia de mulheres.”

“Então volte para cama porque eu te garanto Coronel Redmond que eu sou a única mulher, num raio de quinhentas milhas, disposta a dividir a cama com você.”

“Rebecca? Certamente você não.... você nunca...”

“Não, nunca. Isso quer dizer que eu não posso? Você tem que ser de um clube especial?”

Ela riu e continuou a olhar para mim. “Eu não entendo.”

Eu suspirei enquanto me acomodava na cama. “Quando eu te vi essa manhã, eu me senti atraída por você Charlie...”

“Quando você pensou que eu fosse um homem.”

Eu ergui minha mão. “Sim, mas quando eu descobri a verdade nada mudou. Eu ainda estou atraída por você Charlie. Eu confesso que quando passarmos da parte do beijo eu não tenho idéia do que fazer, mas eu aprendo rápido. Eu tenho estado sozinha por um longo tempo Charlie. Como você acha que eu resolvo esse pequeno problema?” Ela empinou a cabeça e levantou as sobrancelhas. “Ah, o que é isso Charlie, não fique tão chocada.”

“Eu nunca conheci uma mulher tão disposta a admitir...”

“Deus! Não é como se eu estivesse sentada num salão discutindo durante um churrasco. Somos só você e eu Charlie. Você acabou de admitir aqui para mim que você prefere a companhia de mulheres.”

“Sim, mas...”

“Mas nada, Charlie Redmond. Agora você pode voltar para a cama e nós podemos tentar isso novamente. Ou você pode descer e dormir no sofá sozinha. Ou ainda você pode voltar para a sua velha cabana abafada e se jogar e rolar na sua cama. Sabendo muito bem que há uma mulher aqui dentro em uma cama quente e macia querendo você aqui com ela e disposta a tentar algo novo...”

“Rebecca, por favor não faça isso comigo...”

“Eu não me lembro de fazer nada com você. A bem da verdade, eu estou tentando convencer você a fazer algo comigo. Charlie, eu tenho estado sozinha por um longo tempo. Eu gosto de você. Eu preferiria muito mais dividir minha cama e meu corpo com você do que me deixar levar por qualquer outra pessoa.”

Eu estendi minha mão enquanto eu me chegava para a beira da cama. “Vamos, Charlie. Venha para cama. Nós podemos colocar um cobertor enrolado entre nós se isso a faz sentir melhor.”

Ela se moveu em minha direção e ajoelhou perto da cama, segurando minha mão. “Rebecca, eu só não quero que você tome uma decisão que você vá se arrepender.”

“Vamos fazer o seguinte, Charlie. Vamos tentar aquele beijo novamente. Se eu achar que eu não posso, eu te direi, está bem?”

“Tudo bem. Isso é justo. Mas, pelos diabos Rebecca, se você tiver uma única dúvida quero que você me diga.”

“Eu vou dizer. Eu prometo.”

Eu observei enquanto ela se aproximava lentamente de mim. Ela levantou suas mãos, segurando meu rosto gentilmente e me puxando para ela. Nossos lábios se encontraram novamente num beijo suave e carinhoso. Ah, sim, isso é muito bom. Minhas mãos se moveram para seu pescoço e ombros. Eu senti a ponta da sua língua roçar meus lábios e eu me abri para ela. Parte de mim esperava que o ritmo do beijo mudasse e tornasse selvagem e forte. Isso sempre acontecia com meu marido. Não com Charlie. Continuou suave, lento e carinhoso. Eu nunca tinha sido beijada com tanta afeição na minha vida.

Ela continuou a me segurar gentilmente enquanto terminamos nosso beijo. Antes de se afastar ela deu dois pequenos beijos nos meus lábios. Ela se afastou e gentilmente passou seus dedos no meu rosto enquanto ela esperava que eu dissesse algo. Eu disse a primeira coisa que me veio à cabeça. “Venha para a cama Charlie.”

Ela se levantou e lentamente subiu na cama comigo. Nós nos acomodamos próximas uma da outra, eu sabia que eu estava um pouco nervosa. O que eu não podia entender é porque Charlie parecia tão nervosa. “Você está bem?” eu perguntei enquanto eu passava minha mão em seu braço bem torneado.

“Eu estou bem. É só que faz muito tempo.”

“Você se esqueceu como? Porque se você esqueceu nós podemos ter um problema aqui.”

“Não, eu não me esqueci como.” Ela levantou uma sobrancelha enquanto ria para mim.

“Então sua hesitação vem de?”

“Hmm... Para ser sincera, não estou bem certa.”

“Ah, te peguei! Eu sei o que é!” Eu levantei e me apoiei no meu cotovelo enquanto eu olhava para ela.

Ela sorriu para mim. “O que?”

“Você é uma medrosa.”

“Não sou.”

“Então me beije novamente.”

Seus braços me envolveram e ela me puxou para outro beijo. Este foi um pouco mais profundo, mas muito doce e gentil. Minha mente estava flutuando agora e meu corpo estava começando a responder ao seu beijo, ao seu toque, e me senti tão bem. Eu gemi e ela acelerou o ritmo do beijo enquanto suas mãos se juntavam aos nossos lábios. Havia uma lenta e suave exploração do meu corpo através do tecido da camisola que estava usando.

De repente eu percebi que estava usando muita roupa. Eu interrompi o beijo, certificando-me que a deixava com pequenos beijos para que ela não pensasse que havia algo errado. Eu me movi e comecei a tirar a camisola quando ela sentou ao meu lado. Eu temia que ela fosse fugir da cama de novo.

Ao invés disso ela sorriu para mim. “Permita-me.”

Nunca em minha vida eu fui despida tão lentamente. Deus! Tudo isso era tão diferente de qualquer coisa que eu tinha experimentado antes. Ela era tão gentil, carinhosa, e sim, amável. Suas mãos eram ásperas e com calos do seu trabalho pesado, mas ao mesmo tempo suaves quando elas tocavam minha pele nua. Eu tremia enquanto suas mãos percorriam minha espinha e ela hesitava novamente, puxando-me para olhar para ela.

“Rebecca?”

“Não, não, continue. Eu juro, Charlie, eu vou te machucar se você não continuar.”

Ela sorriu enquanto finalmente retirei a camisola do meu corpo. “Meu Deus, você é maravilhosa Rebecca.” Ela parecia sem fôlego quando ela me disse isso.

“Verdade?” Essa era a primeira vez que me diziam isso, além dos meus pais quando eu era uma criança.

“Ah, sim...” Era um gemido que saia dos seus lábios quando ela disse isso. Ela se inclinou e começou a cobrir meus ombros com pequenos beijos, percorrendo o caminho até o meu peito. Uma mão larga gentilmente segurava e acariciava meu seio enquanto seus lábios encontravam o outro e eu gemia novamente.

Ela nos deitou na cama e continuou a explorar meu corpo com suas mãos e boca. Obviamente eu não era virgem. Eu fui casada por quase dois anos antes do meu marido partir para lutar, mas eu nunca fui amada assim. Meu corpo estava se forçando a se aproximar dela. Eu não conseguia chegar perto dela o suficiente. Eu percebi que ela estava com muita roupa. Eu puxei sua camisa. “Tire isso!” Não era um pedido educado. Era uma ordem. Eu tinha que estar perto dela.

Ela retirou rapidamente a camisa e nossos corpos se encontraram pela primeira vez. Eu acho que morri e fui pro céu! Eu encontrei sob minhas mãos a combinação perfeita de pele macia e músculos. Costas fortes e largas misturadas com a maciez que só pode ser encontrada no corpo de uma mulher.

Seus lábios passeavam por mim, deixando traços quentes no seu rastro. Eu fazia o mesmo e logo eu escutava gemidos baixos. Ela me virou de costas, nossos olhos se encontraram e eu podia ver uma pergunta silenciosa nos seus olhos, que tinham um azul mais profundo do que tinham antes. Eu simplesmente acenei, preparada para ir aonde ela quisesse me levar.

Ela explorava meu corpo com sua mão até chegar a minhas pernas, e então ela gentilmente pressionou uma delas e eu me vi convidando-a para dentro, embora meu cérebro não pudesse compreender o que estava havendo e eu realmente não me importava. Eu a senti colocar uma mão sob minha coxa, elevando minha perna e fazendo-a dobrar no joelho. Então ela moveu-se por minha coxa e meu estômago. Ela repousou acima dos meu pêlos. Enquanto ela me beijava novamente e meus próprios braços puxavam-na para perto, sua mão descia para a minha umidade. Eu retirei meus lábios dela enquanto eu gemia e arqueava meu corpo em suas mãos. “Charlie, sim...”

Ela enterrou seu rosto no meu pescoço e cabelo, murmurando para mim enquanto suas mãos alisavam e acariciavam meu corpo. Eu nunca senti isso. Eu parecia subir mais alto e alto com cada movimento de suas mãos e boca. Eu senti o suor saindo dos nossos corpos enquanto ela me amava. Isso apenas melhorava a sensação das nossas peles deslizando uma contra a outra.

Incerta sobre o que fazer com minhas mãos, eu percorri seu corpo com elas, apertando e massageando. Ouvindo seu gemido , eu continuei a explorá-la com prazer. Quando ela entrou no ritmo, a sensação entre minhas pernas transformou-se numa pressão tão nova pra mim. Minha cintura começou a mover com suas carícias para encontrar alívio. Minhas mãos moviam encontrando seus seios, cobertos de suor e mamilos duros. Eu levantei a cabeça e a cobri com minha boca como ela havia feito antes comigo e a escutei gemer. Descobri que enquanto minha boca e língua lhe davam prazer isso aumentava ainda mais o meu desejo.

Sem romper nossa união ela se moveu um pouco, prendendo minha outra coxa e movendo sua cintura ao mesmo tempo que a minha. Logo não havia como parar e nós estávamos tremendo uma nos braços da outra. Charlie me puxou para perto, beijando minha testa suada. “Oh, Rebecca... Isso foi... foi maravilhoso. Obrigada.”

“Oh, oh, o prazer foi meu.” Eu suspirei ofegante enquanto eu me agarrava ao seu corpo. “Você não tem idéia, Charlie. Eu nunca senti nada assim antes.”

Ela me puxou para perto dela e foi assim que eu dormi. Envolta nos seus braços sentindo segura e aquecida pela primeira vez em anos.

Quando eu acordei na manhã seguinte, Charlie não estava na cama. A princípio eu entrei em pânico e me senti magoada por ela ter partido, então eu escutei sua voz de fora da minha janela. Levantando e vestindo minha camisola e robe, eu fui até a janela. Sorri ao vê-la lá fora, montada em seu cavalo, inspecionando e treinando sua tropa. Na noite passada foi difícil lembrar que eu estava dividindo a cama com um soldado. Nessa manhã, enquanto eu a observava, não havia dúvida. Eu sorri e afastei da janela.

Nós passamos todos os momentos possíveis juntas enquanto ela estava acampada na minha terra. Ela dividia minha cama comigo toda noite, me levando a lugares que eu nunca havia imaginado, me amando de maneiras que eu nunca pensei que fosse possível. Tão suave, carinhosa e gentil.

Eu tinha um problema.

Eu estava me apaixonando pela Coronel Charlie Redmond.

E ela estava me deixando.

Mais uma vez eu estava deitada em seus braços, após fazermos amor. “Charlie?”

“Hmmm?” Ela me puxou e beijou minha cabeça.

“Você vai partir de manhã, não vai?”

Ela respirou fundo e eu a senti acenar. “Sim, Rebecca, eu vou. Eu não quero, mas eu tenho que partir.”

“Eu sei que você tem.” Eu virei e olhei o seu rosto maravilhoso. “Me prometa uma coisa?”

“Qualquer coisa.”

“Me prometa que você terá cuidado. Eu não quero que nada aconteça a você. Mesmo que nunca nos vejamos de novo, eu quero que você esteja bem. Me prometa.”

“Eu prometo, Rebecca.” Ela me puxou para perto. “Eu prometo. Eu tenho uma pergunta para você.”

“Sim?”

“Quando isso tudo acabar, eu poderia, ou melhor, você gostaria que eu voltasse aqui?”

Meu fôlego retornou enquanto eu absorvia a pergunta. “Você quer voltar aqui?”

“Eu quero voltar para você, Rebecca. Deus me perdoe, eu espero que você não pense que eu perdi a cabeça.” Ela se moveu e inclinou para olhar nos meus olhos. “Eu me apaixonei por você, Rebecca. Quer dizer, eu sei que essa não é a maneira que você imaginou sua vida e eu certamente não sou o marido que você desejaria, mas...”

Eu levantei minha mão trêmula e coloquei nos seus lábios. Quando ela parou de falar, eu levantei minha cabeça e a beijei. Afastando dela, eu acariciei seu rosto. “Volte para casa e para mim. Por favor volte para mim. Eu te amo Charlie.”

“Eu vou voltar. Eu prometo.”

Eu levantei na manhã seguinte com seus dedos acariciando meu cabelo. Quando meus olhos se abriram eu a encontrei ajoelhada ao lado da cama. Ela estava com o uniforme completo e eu sabia que ela estava pronta para partir. Quando eu comecei a sentar ela me empurrou gentilmente de volta para a cama.

“Muito cedo.” Ela sussurou enquanto acariciava meu rosto. “Fique na cama. Eu apenas queria te dizer adeus.”

Eu segurei sua mão e a coloquei perto do meu coração. “Não adeus, Charlie, não adeus. Você prometeu voltar para casa. Me prometa de novo.”

“Eu prometo.” Ela se inclinou e me beijou. Enquanto ela se afastava ela sorriu. “Eu te amo Rebecca.”

“Eu também te amo Coronel Redmond. Volte logo para casa.”

Ela sorriu e acenou antes de levantar e sair do quarto. Voltando minha cabeça para o travesseiro, respirei fundo e eu não podia fazer mais nada senão deitar ali e chorar. Eu sabia que havia uma boa chance que o Coronel Charlie Redmond não voltasse para casa.

Semanas passaram e a única notícia que eu recebi eram rumores, nada mais. Eu sabia com certeza que a guerra terminara. Lee se rendeu para Grant três semanas atrás. Toda vez que eu ouvia um cavalo ou carruagem descendo a estrada, meu coração disparava no meu peito e eu me via na varanda. A cada dia que passava eu sabia que tinha que aceitar que Charlie não queria, ou Deus me livre, não podia voltar aqui. Tudo bem se ela mudara de idéia, mas eu rezava toda noite para que ela estivesse viva.

Depois de três meses eu perdi as esperanças de vê-la novamente e tentei continuar com minha vida. Eu sabia que precisava limpar a casa o melhor possível. Eu também tinha que descobrir se eu ia poder salvar minha propriedade.

Eu estava trabalhando nos fundos quando de repente uma estranha sensação subiu por minha espinha. Eu virei lentamente para a varanda dos fundos. Em pé, vestida num terno cinza de um cavalheiro, segurando seu chapéu nas mãos estava Charlie. Eu devia estar horrenda, e eu sabia disso, trabalhando toda manhã do lado de fora, mas isso não me impediu de começar a correr de volta para seus braços.

Ela sorriu enquanto largava o chapéu, saindo da varanda e movendo-se em minha direção. Ela abriu os braços para mim e eu estava ali envolta enquanto ela inclinava e capturava meus lábios num beijo ardente.

Ela sorriu enquanto seus dedos retiravam as lágrimas da minha face. Seus olhos azuis estavam rindo e dançando enquanto eu tentava controlar minhas lágrimas. “Me desculpe.” Eu suspirei.

“Oh, não se desculpe Rebecca. Não se desculpe.”

“Eu não posso acreditar que você esteja aqui. Eu pensei que você tivesse mudado de idéia ou tivesse sido...” Eu simplesmente balancei a cabeça.

“Não querida. Eu tive que aguardar minha dispensa. O Exército não queria perder um oficial de carreira e eles tentaram de tudo para me manter. Eu teria mandado notícias, mas eu não queria dizer para ninguém para onde eu estava vindo. Eu temia que eles tentassem alguma coisa com você para me segurar.”

Eu joguei meus braços em volta do seu pescoço. “Você está em casa.”

“Bem, isso depende.”

Eu me afastei dela, repousando minhas mãos nos seus ombros largos. “Depende? Depende de quê, Charlie?”

“Uma vez que eu tenho que continuar essa charada pelo resto da minha vida para receber minha pensão do Exército e trabalhar na comunidade,” Ela se ajoelhou em uma perna e pegou minha mão. “Você quer casar comigo Rebecca? Eu não vou viver aqui sem estar casada com você. Não ficaria bem para uma mulher do Sul morar com um homem e não ser casada com ele.”

Eu sorri enquanto acariciava seu rosto. “Um casamento misto.”

“Casamento misto?”

“Uma bela garota do Sul casa com um Coronel ianque aposentado. Nós seremos o assunto da cidade por anos.”

“Bem, se é apenas sobre isso que eles vão falar então estaremos com sorte. Isso é um sim Rebecca?”

“Isso é um sim Charlie Redmond.”

 

Fim

Tradução do Inglês por: Callisto & Maria Regina
Revisão: Haydée Oliveira
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